sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Histórias em Quadrinhos: o que de fato elas nos revelam?


As histórias em quadrinhos são um recurso que abrange um público bastante vasto. Quem nunca leu uma na infância? Aposto que seu avô, seu pai, seu irmão já lhe contou algumas dessas histórias que marcaram seu tempo e que nos marcam até hoje. Percebemos que independente da idade, nos deparamos alguma vez com um quadrinho nas mãos.
As primeiras histórias em quadrinhos surgiram no fim do século XIX e início do século XX. Um dos primeiros personagens criados que conseguiram reconhecimento, foram às figuras: The Yellow Kid, Max and Moritz etc, que marcaram o seu tempo e que ganhou repercussão desse tipo de produção cultural.
Antigamente, os quadrinhos eram vistos apenas como tirinhas de veículos de informação como os que são colocados em jornais. Hoje por exemplo, continuamos a ver tirinhas em muitos jornais, bem como em revistas e sites da internet. Mas comumente elas aparecem em revistas específicas, como as que temos no Brasil, os famosos “gibis”, que por sinal foi o primeiro nome das HQs do Brasil.
Os quadrinhos possuem personagens reais ou não, que desempenham um determinado papel na sociedade. Os recursos imagéticos das HQs se expressam no diálogo entre as personagens representadas nos balões. As primeiras HQs tinham como característica a ficção, bem como um caráter cômico. Mas a partir dos anos 20, de acordo com Viana, os quadrinhos passam a ter um lado mais realista, tendo em vista que anteriormente a combinação de comicidade, simplicidade de temas familiares e infantis eram traços marcantes.
Mas afinal de contas, o que os quadrinhos nos mostram?
Os quadrinhos têm a função de nos transmitir mensagens. Elas expressam através dos diálogos, valores, idéias, concepções, etc. A partir da comunicação, das indagações das personagens, conseguiram compreender o que eles nos revelam. E com uma leitura bastante atenta e apurada, percebemos que esses mesmos personagens revelam as subjetividades do desenhista. A reflexão pode transmitir a nós, através das HQs, momentos históricos que são, na vida real, vividos por um povo ou pela humanidade inteira. A título de exemplo, com a hegemonia do neoliberalismo, uma gama de personagens foram criadas por muitos desenhistas e roteiristas. Personagens como o Homem-Aranha, O Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e X-Men, a partir de seus papéis desempenhados nas histórias, conseguiram exprimir os valores e idéias, que por vezes tendenciosas, mas que remetiam a um dado momento da história, de um contexto de um grupo que os criou, tomando como base, as suas opiniões acerca do que os rodeavam.
Pegando o gancho de um personagem que está em cartaz nos cinemas, “O Capitão América”, por exemplo, período em que no mundo eclodia a Segunda Grande Guerra (1939-1945), este, criado pela Marvel Comics, fora recrutado para defender sua pátria nos quadrinhos, funcionando como uma arma de caráter ideológico, no qual, segundo estudos, ele lutou na primeira revista contra o próprio Hitler. Com isso, mas sem deixar de lado uma análise bem mais aprofundada, percebemos como esse veículo imagético leva consigo uma carga de valores de grupos que se opuseram na época. E os exemplos não faltam...
Por fim, podemos considerar que as HQs são uma ferramenta bastante rica, pois nos remete a fatos, que mesmo sendo fictícios ou não, nos ajudam a refletir acerca do nosso mundo, e também elas nos possibilitam entender as imagens implícitas que de maneira fantasiosa nos iludem, mas com uma atenção maior nos ajuda a compreender as coisas como realmente são.

Gláucia Santos de Maria

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Nem tudo o que a gente vê é!!!


Os sentidos: representações da memória social

O mundo em que vivemos, está repleto de cheiros, sons, imagens, gostos e atritos. Mas, o que percebemos em grande parte em nosso cotidiano, é o visual, deixando de lado os outros sentidos que movem o homem. Isso não quer dizer que o individuo humano não utilize seus outros sentidos no dia-a-dia. Porém, as maneiras que este desenvolve as suas sensibilidades não são, de certa maneira, apurado, ao que reflete o espaço no qual o seu ser está inserido. Então, são os sentidos que movem nossas práticas habituais, em todos os âmbitos. O exemplo lógico para destacar essa temática é o amor. É diante desta característica humana, que os nossos cinco sentidos se tornam visíveis, o visual nos mostra a pessoa amada; a audição emite a voz que nos acalma e sensibiliza; o olfato permite sentir o cheiro da pessoa que adentrou o seu intimo; o paladar experimenta o gosto da outra boca que pertence ao amado; por ultimo destaco o tato, contato necessário entre corpos que emitem o prazer carnal ou sensível. O exemplo citado coloca os sentidos humanos em uma posição, no qual estes se tornam mais aguçados. O que não ocorre diante de algumas coisas inanimadas, que fazem parte de nossa vida.
Ao destacar os cincos sentidos, como razões que cercam o nosso viver, deslocando das funções que estes são enfatizados em nossa existência. Como algo apenas fisiológico, a que todo ser vivo possui. Assim os seres não vivos não possuiriam os seus cheiros? É a partir desta interrogação, que me apegarei às considerações do historiador brasileiro Durval Muniz Albuquerque Jr, em sua obra “O espaço em cinco sentidos”. No qual, o enredo do seu texto é referente, as maneiras de sentir determinados efeitos de uma forma natural, na qual a visão não seja o único aspecto que possibilite o homem de ver o que está a sua volta.
 As cidades possuem seus cheiros, que nos remetem lembrar locais agradáveis ou até mesmo de locais que não nos agradam. Os sentidos nos trazem memórias boas e ruins. Segundo Albuquerque Jr, as paisagens podem ser construídas a partir da audição, do paladar, do tato e do olfato. A visão seria apenas complementar, diante do que estava à frente do individuo que contempla.
A utilização apenas da visão, sem um olhar critico, é o mesmo que um cego, que possui uma boa visão. Pois, aquele que não enxerga, supriu a sua deficiência apurando os outros sentidos, tornando-o capaz de uma melhor sensibilidade com o mundo. Os sentidos são fundamentais em nossa vida e cada representação de um aspecto, pode ser vista em qualquer lugar, tudo possui uma característica em nossa memória. Então cada setor da área urbana ou rural, tem o seu cheiro, a lembrança de um gosto ou de um toque, seguido de um som, que nos leva a uma visão de uma bela paisagem, nunca vista, pelos olhos. Já que estes, distraídos, não vêem a beleza das coisas mais simples e belas que o mundo nos proporciona. Como diria Albuquerque Jr, a visualização de outras dimensões e aspectos da realidade, entorpece os nossos outros sentidos. Colocando estes de lado e valorizando apenas um, dando origem a uma possível alienação visual. No qual só o exterior das coisas é admirado, enquanto o interior raramente é apreciado.

Ronyone de Araújo Jeronimo

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

" A felicidade consiste em fazer o bem". (Aristóteles)

Quando o assunto é amor

Se pararmos para pensar um pouco, já perceberam que o amor é um tema bastante discutido? O ser humano busca a felicidade a todo o momento, seja nas suas relações pessoais ou sociais. A temática amor é palco de discussões científicas, é mencionada por muitos poetas, encontrado em muitas músicas, utilizado como razões de suicídios (morrer por amor), assassinatos (matei por amor) etc. O amor é natural do homem ou se constrói culturalmente? Esse tal amor é complicado...
Os filósofos são um bom exemplo de questionadores quando o assunto é amor. Eles se perguntam: como definir o amor? Como compreendê-lo? O amor é necessário? É útil? Percebem? Desde os primórdios esse sentimento é tão debatido.
Na mitologia grega, por exemplo, tomamos como ponto de partida a obra “O banquete” do poeta Hesíodo. Nessa obra, um dos personagens, o autor satírico Aristófanes, narra o mito de Eros*, que de acordo com ele, este é o maior amigo do homem.
Aristófanes discursa que no início dos tempos, os seres humanos eram completos, entretanto em virtude de uma punição divina, fomos separados, divididos. Existiam homens, mulheres e os seres chamados andróginos. Os homens possuíam quatro mãos, quatro pés e dois órgãos sexuais masculinos. As mulheres por sua vez da mesma forma, mas com dois sexos femininos. E por últimos, os andrógenos, possuíam um sexo de cada. O mito afirma que todos esses seres eram muito velozes e vigorosos. E por isso quiseram atacar o mundo dos deuses: e o maior destes, Zeus, os cortou pela metade. E devido a essa separação, sentimo-nos incompletos, e procuramos sempre a nossa metade perdida. E de acordo com Aristófanes, o amor nos impulsiona a buscar o outro. E esse desejo de nos sentirmos amados se dá pela vontade de nos tornarmos completos.
De acordo com Sócrates, nessa mesma obra, o amor é um processo de evolução. Como assim? Segundo ele, nós humanos começamos primeiramente a amar a beleza física dos corpos, entretanto passamos a perceber que existe uma beleza bem mais profunda no outro, é a beleza da alma. O amor das almas é muito mais nobre, tendo em vista que está direcionado a algo considerado eterno. Esse amor leva o ser humano a cuidar do outro, zelar pelo outro, levando sempre ao caminho do bem. O ápice do amor em Sócrates é aquele que o indivíduo se dedica na educação do outro. E essa forma de amor, é o pedagógico, que é o mais sublime de todos na visão de Platão.
Na primeira metade do século XVII encontramos o amor romântico, exaltado por poetas, pintores e filósofos no movimento conhecido como Romantismo. Um fato interessante que chama a atenção é que todas as histórias contadas por escritores românticos acabavam em tragédia. Eram amores impossíveis, utópicos como o clássico Romeu e Julieta de Shakespeare dentre outros.
No caso da psicologia, o amor foi tratado de diversas maneiras. De acordo com a psicóloga norte-americana Dorothy Tennov, em uma pesquisa por ela realizada com muitos pacientes, chegou à conclusão de que existe um estado que corresponde ao amor romântico que ela denominou limerance; e trata-se de algo universal, que independe de cultura.
Esse estado de limerance é um estado emocional que uma pessoa sente um forte desejo romântico por outra, mas que este, segundo a psicóloga não é amor, pois este é revelado pela preocupação com o outro. E essa limerance não tem isso. Seus sintomas são: medo de ser rejeitado, fascinação pelo objeto desejado, palpitações, ansiedade, excitação etc.
Como podemos ver, o amor é um assunto que permeia a cabeça de muitos pensadores, artistas, cientistas... Todos em seu ramo buscam explicar esse tal amor que consome a vida de nós humanos. E você, saberia explicar o amor? Nascemos com ele, ou é apenas convenção social? Você ama? É amado? Esse tal amor é tão complicado...
*Na mitologia grega , era o deus primordial do amor sexual e da beleza.

Gláucia Santos de Maria