sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que explica a falta de engajamento da juventude brasileira no século XXI?



        Atualmente observamos que a juventude de nosso país anda perdendo cada vez mais o engajamento que outrora tivera. Parece até que tudo já está resolvido, que o Brasil se tornou uma maravilha, e que a corrupção não é mais um problema. Engana-se quem pensa dessa forma. O Brasil continua sendo um país com alto índice de corrupção na política e em outros meios públicos. A miséria continua firme afligindo os que estão à margem da sociedade, e o preconceito continua forte em todos setores da nossa sociedade.  E enquanto isso acontece, nossa juventude fica parada só observando, sem tomar nenhuma atitude, pensando não ter nada ver com os acontecimentos, pois grande parte está alienada por meios de comunicações, que mostram que juventude é apenas a idade da descoberta. Mas, qual seria essa descoberta? O sexo é a grande descoberta que a mídia tanto enfatiza, mas será que só é isso que nos resumimos?
            É claro que não, somos mais do que isso. A juventude é o inicio do amadurecimento do ser humano para a vida adulta. Então, que homens e mulheres teremos daqui alguns anos? Se continuarmos dessa forma, teremos adultos com mentalidades débeis, isso se já não temos hoje, pessoas que não sabem distinguir o obvio na sua frente. Esse é o mal dos jovens que não estão engajados, que não sabem protestar por melhores condições de vida, e que falam que política não os interessa. Mas acabam votando por paixões geradas por seus familiares, que seguem à risca o padrão das antigas oligarquias que se mantém vivas, justamente por causa da culpa dos jovens não serem politizados, como eram os jovens do período da Ditadura. É claro que a repressão ajudou em partes o jovem a se revoltar contra o sistema, já que esse era desprovido de sua liberdade de agir e pensar. Hoje há certa liberdade, graças aos jovens do passado. Porém, grande maioria dos jovens de hoje não procuram pensar, nem tão pouco agir.
            Essas transformações da nossa juventude têm sido paulatinamente influenciadas por vários meios, como os de comunicação, e agora, a grande influência são as redes sociais. Estas vêm transformando muitos jovens em reféns do computador através dos vínculos de amizades virtuais. No entanto, sabemos o quão importante é a socialização do ser humano com os outros indivíduos, e esses vínculos de interatividade não podem ficar apenas no campo virtual, pois é necessário um contato mais próximo para conhecer melhor a realidade, já que não dá para tomar conhecimento do descaso social tão somente enfurnado dentro de casa, mas sim, tendo o contato com tais dramas para ter consciência, e isso é algo que a juventude necessita para conhecer melhor os problemas que envolvem o seu município ou seu estado. Pois assim, tomando conhecimento dos problemas que assolam o seu centro, poderiam utilizar estas redes sociais como uma arma para mostrar o que está errado, e até mesmo para marcar manifestações contra as diversas injustiças, que o nosso povo anda passando. Ficar em casa compartilhando piadas, ou dor de cotovelos, não vai levar a nada. O negocio é se mexer, pois para se ter um país melhor, muito tem que se melhorar.

            O escritor francês Victor Hugo em sua brilhante obra “Os Miseráveis”, escrita no século XIX, dará destaque aos amigos do ABC, jovens republicanos imbuídos de defender os ideais da Revolução Francesa, que estavam sendo infligidas pela volta da monarquia e da família Bourbon ao poder da França. Essa juventude incita os demais a se rebelarem, mas a rebelião acaba fracassando. No entanto, isso mostra que uma juventude organizada pode derrubar um sistema. Por isso é preciso sair nas ruas e protestar. Algo que muitos dos jovens do século XXI não têm buscado por imaginar que seu país vive um momento de intensa valorização econômica, mas que ainda mostra uma divisão de renda muita injusta. Mas muitos destes não observam, por estarem de olhos fechados e caminhando rumo a um buraco sem fundo, e não tem noção que este caminho é perigoso.

Ronyone de Araújo Jeronimo



5 comentários:

  1. Fica aqui um trecho da música "sonho médio" da banda Dead Fish: " Não importa se meus filhos não terão educação...eles tem que ter dinheiro e visual... o sonho médio vai te conquistar...". Esta música faz uma crítica ao comportamento de nossa sociedade. A maioria quer saber de ter o "sonho médio": Carro na garagem, dinheiro, e um bom visual. Enquanto isso nossos políticos cometem as mais escancaradas formas de crimes. Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  2. Já que Leonardo falou em música, tem uma do Gabriel- O Pensador, Até Quando?, que reflete o que Ronyone escreveu no seu texto. Por isso, vou transcrever a seguir alguns trechos:

    "Não adianta olhar pro céu
    Com muita fé e pouca luta
    Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
    E muita greve, você pode, você deve, pode crer
    Não adianta olhar pro chão
    Virar a cara pra não ver [...]

    Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
    A gente muda o mundo na mudança da mente
    E quando a mente muda a gente anda pra frente
    E quando a gente manda ninguém manda na gente!
    Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
    Na mudança de postura a gente fica mais seguro
    Na mudança do presente a gente molda o futuro!"

    ResponderExcluir
  3. Concordo que a sociedade brasleira é passiva demais, mas resumo minha opinião: a revolução que vai mudar as coisas mesmo, é a da educação.

    Se eu pudesse, pediria a alguns manifestantes que dediquem a energia de seus gritos e o dinheiro na confecção das bandeiras comprando um livro e ajudando uma criança carente e analfabeta a aprender a ler.

    ResponderExcluir
  4. As coisas não são bem assim Felipe, é claro que a educação realmente seria uma grande revolução, no entanto para o desenvolvimento desta, o governo deveria investir mais, pois em nosso país possui uma estrutura educacional precária, onde existe uma valorização da quantidade e não da qualidade, quando o foco do nosso governo for a qualidade, com certeza haverá um desenvolvimento do ensino no país. Dar um livro a uma criança é um gesto bonito, no entanto, não posso dizer que vai solucionar o problema da educação, pois muitos querem realmente aprender, mas a dificuldade gerada por uma má estrutura educacional acaba prejudicando o desempenho de um aluno esforçado no aprendizado. Por isso que eu acho que devemos protestar quando as coisas não estão legais, para ver se o retrospecto pode mudar, e é fato, a educação ainda necessita de mais apoio de nossas autoridades públicas.

    ResponderExcluir
  5. Rony, talvez você não tenha entendi bem o que quis dizer. Reconheço também que não fui claro.

    Não estou concordando com a passividade em esperar o governo resolver a educação. Quero dizer que, nós os cidadãos insatisfeitos, devemos pôr a mão na massa! É melhor do que ficar protestando! Há muitas escolas públicas que precisam de voluntários em diversas atividades! Há muitos projetos sociais que precisam de voluntários e de ajuda financeira! Há diversas atitudes que podemos tomar em pró da educação. Paremos de esperar pelo governo, SIM! Mas menos com agitações e manifestos públicos, e mais dando nosso proṕrio esforço pra tapar os buracos!

    No segundo parágrafo do meu último post, pedi "energia" e "dinheiro", para "comprar" e "ajudar". Não falei só pra doar o livro, mas pra ajudar a criança de fato!

    ResponderExcluir

E aí? O que achou?