sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O poder das cartografias na construção do mundo


          
        As cartografias têm um papel extremamente significante na história da humanidade. Desde os tempos mais antigos, alguns seres humanos já se arriscavam na tentativa de descrever o espaço em que viviam a partir da elaboração de mapas. Os poucos recursos, infelizmente, não permitiam que estes fossem fiéis à realidade que o espaço proporcionava. Dessa maneira, o homem foi por muito tempo um crédulo das cartografias com poucos recursos, que nem sempre demonstrava a realidade, mas mesmo assim, ainda eram de grande utilidade.
            Nos tempos das grandes navegações do século XV e XVI, se iniciara um processo de desenvolvimento das técnicas cartográficas em razão dos avanços marítimos, das descobertas e conquistas dos europeus que muito ajudaram na construção e na elaboração de mapas mais aprimorados, como é o caso do mapa-múndi desenhado por Henricus Martelus no final do século XV. O historiador francês Bartolomé Bennassar irá dizer que Henricus Martelus conseguiu desenvolver o mapa-múndi, no qual fez um desenho excelente da Europa, desenhando também, um traçado bem próximo da realidade da África Ocidental.
            Acontece que a perfeição cartográfica ainda não seria possível ser desenvolvida nesse período, em virtude do desconhecimento de terras ainda não exploradas pelos europeus, e também pela falta de propriedade material que permitisse construir um mapa próximo da realidade. O próprio mapa-múndi de Henricus Martelus, que apesar de alguns acertos, também mostraria falhas, como por exemplo: a forma a qual África Austral se desloca claramente para o leste e como o mar vermelho foi colocado como se fosse bem mais amplo do que realmente é de fato. Todavia, não podemos julgar os erros de Martelus, já que este não possuía dados perfeitos, mas apenas aprimorou o mapa de Ptolomeu, que serviu como fonte, além das conquistas portuguesas que com seus relatos ajudaram no melhoramento deste mapa.
            É notório que a importância dos portugueses para renovação das técnicas cartográficas foram, de fato, enormes, pois estes se arriscaram nos mares, fazendo testes e experimentalismos, muito além das outras nações da Europa. E isso permitia a estes terem posse do saber, que para Foucault, “o saber gera o poder”. Nesse sentido, os portugueses tinham em mãos o poder, em virtude do saber, alcançado graças às experiências e aos mapas que foram desenhados próximo da realidade, que os ajudaram a desembarcar em qualquer lugar do mundo, e assim saber o trajeto de volta para casa.
            Assim, ao destacar a importância dos mapas para a construção do mundo como conhecemos hoje, as cartografias podem servir como material histórico, tendo em vista que eles são fontes que podem ser utilizadas como comprovação de fatos. Além disso, o conhecimento das cartografias ajuda ao historiador e muitos estudiosos, a relatarem o espaço, sem cometer equívocos, mesmo se baseando em antigos, mas sempre comparando com o mapa do globo que possuímos hoje. Desse modo, os mapas esclarecem, em certo sentido, o sentimento geográfico que as civilizações tinham sobre o seu entorno, tendo em vista que tentavam construir as suas espacialidades para se localizarem nesse mundo, sem nem mesmo o conhecer por completo.

Ronyone de Araújo Jeronimo